Piar do Mocho, 7 de junho de 2012
Queridos amiguinhos
Espero que estejam todos bem-dispostos e que tenham aprendido muitas coisas novas, aí na escola.
Estou a escrever esta carta pois achei necessário explicar-vos a minha ausência prolongada… Desde o Natal que não dava notícias e só ontem consegui entregar a receita do dia. Não pensem que me tinha esquecido de vocês! Nem pensar! O culpado de tudo isto, imaginem só, foi o Ambrósio e a sua cusquice! Aquele gato mete-se em cada encrenca… Aliás, mete-ME em cada encrenca!
Tudo aconteceu no dia 25 de dezembro. Desci as escadas até à sala para ver as minhas prendas e chamei pelo Ambrósio para ver as dele. Como ele não apareceu achei que, como de costume, estava na sorna. Desembrulhei as minhas prendas com grande entusiasmo! Ah! A prenda que mais gostei foi um perfume de essência de cocó de dragão… Fui tomar o pequeno-almoço e nem o cheiro das solas torradas, que o Ambrósio tanto gosta, o fizeram aparecer! Comecei a estranhar e decidi procurá-lo. Mas não o encontrei em lado nenhum!... Nem mesmo no seu sítio preferido que é dentro do cesto da roupa suja. Comecei a ficar muito, Muito, MUito, MUIto, MUITo, MUITO preocupada! Ele não estava mesmo em lado nenhum! Nem a fazer patifarias à minha vizinha, a dona Feliciana, que tem um aquário com alguns peixinhos, verdadeira tentação para o Ambrósio… Noutro dia, ele escondeu-se na gaveta das cuecas da dona Feliciana porque sabia que era dia dela ir às compras. Assim ficaria sozinho em casa e saborearia, tranquilo, aquele cardume delicioso. Mas a dona Feliciana, que estava a tomar banho, ao sair da banheira reparou que se tinha esquecido das cuecas. Foi então ao quarto, sem os seus óculos de lentes fortíssimas, abriu a gaveta e… pegou no Ambrósio. Levou-o para a casa de banho, pensando tratar-se das cuecas, mas escorregou no sabonete que estava no chão! Resultado: o Ambrósio foi parar à banheira que estava cheia de água… Bom, mas não era isto que vos queria contar. Onde ia eu? Ah! Sim! O Ambrósio não estava em lado nenhum e, até à noite, não apareceu nem ninguém sabia dele. Cada vez estava mais preocupada porque, apesar dele ser parvo, dorminhoco, comilão e mal cheiroso ADORO-O! Fiz alguns telefonemas e até coloquei um anúncio na internet oferecendo, a quem o encontrasse ou soubesse do seu paradeiro, uma recompensa de cinco pares de olhos de rã! Mas nada de nada!
Muitos dias estive eu sem notícias do meu Ambrósio e decidi então pegar na minha vassoura e no meu GPS para ir em sua busca. Foram dias de aflição, meses de desespero, até que o fui encontrar na Lapónia! O raio do gato, na noite de vinte e quatro de dezembro, tinha-se enfiado dentro do saco do Pai Natal, quando este estava a colocar as prendas lá em minha casa. Sem dar por nada ele levou o Ambrósio consigo de regresso à Lapónia.
Felizmente que tudo acabou bem… Bem mesmo! Até recebi uma recompensa do Pai Natal por levar o meu Ambrósio de volta para casa! É que o velhote já “andava pelas barbas” com o Ambrósio… Até tinha afixado cartazes, espalhados por todo o mundo, oferecendo recompensa a quem adotasse um gato traquina, fedorento, horroroso e portador de azar…. É claro que, com um anúncio assim, ninguém se arriscou, a não ser eu. Vi o anúncio e… Agora tenho o meu Ambrósio de volta e dez mil frascos daquele perfume que eu adoro de cocó de dragão.
Espero que agora entendam esta minha demora e me desculpem.
Adoro-vos!
Beijinhos
Francisca da Conceição Fonseca Gomes da Silva Ferreira Pereira Torres Boleta Guitarra Sousa Lourenço Caracoleta Nunes Xavier Bolota Amarante Freita de Maricoutinho